A língua portuguesa falada no Brasil se chama “brasileiro” ou Bräsiljoonisch em Hunsrückisch
Portugal se escreve igualzinho como em português tanto no alemão-padrão bem como em nosso dialeto regional Hunsrückisch brasileiro. No entanto, o nome da língua portuguesa, esse difere em nosso alemão Hunsrückisch (traduzido/adaptado, abrasileirado como hunsriqueano, aliás uma designação bastante recente e desconhecida pela vastíssima maioria de falantes nativos dessa língua minoritária do Brasil) tanto do alemão oficial como do idioma português: No alemão oficial se diz Portugiesisch [pronunciar: /por-tu-guí-six/] ou das Portugiesische; sendo que no próprio português é o português, o idioma português ou a língua portuguesa; já no nosso Hunsrückisch, certamente na forte e prevalente vertente riograndense do mesmo, a designação Bräsiljoonisch predominou ao longo da história de quase dois séculos de existência dessa língua germânica que se desenvolveu singular e organicamente no Brasil e adentrando até mesmo outros países vizinhos da América do sul. Como pronunciar Bräsiljoonisch? Assim: /brês-sil-ió-nix/, com ênfase na terceira vogal, ou seja no /ó/ (representado graficamente por oo). Em tempos recentes, considerando-se a drástica recessão do nosso idioma, haja vista a influência preponderante da língua nacional sobre nossos falares regionais e minoritários, mais e mais falantes nativos de nosso dialeto falam Brasiljoonisch, pronunciado /brás-sil-ió-nix/ — pois bem, seja isso como for, cedo ou tarde será levantada a seguinte pergunta: ora, mas se a língua nacional do Brasil se chama Bräsiljoonisch na nossa língua materna, como se chama nela a língua falada em Portugal, internacionalmente também conhecida por português continental? Ora é fácil, ela chama-se Portogääsisch [pron.: /por-to-guê-six/, com ênfase na terceira vogal, no /guê/]. Além disso, vale notar ainda que mais e mais falantes do Riograndenser Hunsrückisch vêm sim utilizando o termo Portogääsisch em vez de Bräsiljoonisch ou Brasiljoonisch, especialmente indivíduos de perfil mais jovem e menos fluentes na língua ancestral, isso se dá justamente devido a hegemonia da língua oficial de nosso país. Além disso, tem outra coisa, não é de todo desconhecido na Europa de língua alemã, especialmente na Alemanha, o uso do nome Brasilianisch para designar a nossa língua nacional, mas aí são certos segmentos, certas esferas digamos específicas ou de certa forma marginais dentro do contexto geral do idioma alemão-padrão prevalente.
Nomes de cidades da Alemanha muitas vezes diferem drasticamente entre o português de Portugal e o português do Brasil. Por exemplo, no Brasil a gente frequentemente lê em jornais o nome da cidade alemã Frankfurt am Main, grafado igualzinho como se escreve no alemão; já em Portugal o correto é Francoforte do Meno, uma designação totalmente desconhecida pela maioria dos brasileiros. Bom, primeiramente precisamos entender que existem outras cidades alemãs chamadas Frankfurt, muito embora nenhuma delas ganhe tamanho destaque como o grande centro financeiro da Alemanha, Frankfurt am Main, daí a necessidade de se explicitar am Main (muitas vezes abreviado a.M.). Depois vale saber que (der) Main é o nome de um rio, ao longo do qual estão situadas importantes e históricas cidades alemãs, e também Frankfurt am Main. Mas quando a gente no Brasil se refere a esse rio, geralmente apela-se sim à tradução, ou seja: o rio Meno. Certos nomes de cidades ou regiões da Alemanha podem ganhar variantes diferentes em diferentes idiomas (por exemplo Bayern no inglês é Bavaria, seu antigo nome em latim; no português é Baviera, porém no sul do Brasil é bem mais comum a designação latina antiga, ou seja Bavária). Já outras regiões, por força de uso, por tradição, permanecem sempre no alemão (por exemplo a região do Hunsrück, uma região não políticamente constituida de montanha baixas pré-alpinas situada principalmente no estado de Renânia-Palatinado, ou Rheinland-Pfalz, mas extendendo-se inclusive em porções de territórios de estados vizinho; pois então, a designação Hunsrück não se traduz nem no inglês, nem no português, nem espanhol – existindo sim a corruptela “Hunsrik” no sul do Brasil, o qual ocorre mais do que nada por causa do analfabetismo em alemão, não no português mas sim no alemão; ainda, além disso, vale mencionar que existe uma longa tradição de se transcrever o umlaut ü como eu, ou seja Hunsrück fica Hunsrueck – aparentemente isso surgiu anos atrás quando as pessoas escreviam com máquinas de escrever que não tinham em seu teclaro o caractére ü que não existe em inglês, em espanhol, em português, etc). De passagem, enquanto às diferenças de nomes entre Brasil e Portugal, ficar por aí brigando nas redes sociais ou outros pontos da internet, como no projeto enciclopédico livre chamado Wikipédia, sobre o que é certo ou mais certo, et cetera é na realidade pura perda de tempo! O importante é a gente compreender que existem diferenças e cada um que se alinhe de acordo com o que achar melhor pessoalmente e/ou dentro de seu devido espaço de atuação. Se a gente for reparar bem, muitos dos nomes de cidades e mesmo de regiões da Alemanha possuem desde a antiguidade uma versão de seu nome em latim, sendo que o português continental geralmente se alinha mais a essas versões. Lembrando que além da profunda influência histórica do latim sobre a língua alemã, o latim na atualidade, mesmo sendo tecnicamente considerada uma língua morta, é uma das línguas mais estudadas na Alemanha. O latim no alemão-standard é chamado de das Latein [pron.: /la-táin/] – mas faremos bem ao observar que falantes do Riograndenser Hunsrückisch, apesar de conhecerem, geralmente, o nome do latim em alemão-padrão, não raro na realidade dizem das Latin [pron.: /lad-dín/], e logo, lateinisch fica latinisch [pron.: /lad-dí-nisch/]. Aqui vale prestar atenção para não se precipitar e logo ir concluindo que isso se trate de influência do português – não o é! Aliás, como bem o comprovam os antigos dicionários de dialetos de Pfälzisch/Pälzisch (palatino) e Hessisch (hessiano).
Liewe Leite, halt eich munter! / Fiquem bem, minha querida gente!
-Paul Beppler, Gründer unn Administratoar von der Riograndenser Hunsrückische Dialekt-Kommunität im Facebook / Fundador e administrador da comunidade de dialeto hunsriqueano riograndense no Facebook