Deitschbräsiljooner X Deitsch-Bräsiljooner
O seguinte artigo sobre aspectos das história da Suíça, publicado no Neue Zürcher Zeitung, um jornal suíço em língua alemã da cidade de Zurique, me compeliu a levantar um assunto e explicitar algo que deveria ser amplamente compreendido, especialmente pela população brasileira que tem o alemão por língua materna.
Gastkommentar zum «Historikerstreit»
Eu gostaria de apontar que Deutschschweitzer é bem diferente do que Deutsch-Schweizer, grafado com hífen (na predominante variante gaúcha do alemão, em Riograndenser Hunsrückisch / hunsriqueano riograndense: Deitschschweizer e Deitsch-Schweizer).
Mas qual é mesmo a diferença?
No primeiro caso, Deutschschweizer, trata-se do elemento suíço teutófono, ou seja alguém que tem a língua alemã como idioma materno.
No segundo caso, ou seja “Deutsch-Schweizer” com hífen, aí trata-se de um indivíduo, empresa, projetos, relações etc. de natureza binacional, quer dizer, envolvendo tanto a Alemanha como a Suíça.
Igualmente, teutobrasileiro, i.e. grafado sem hífen, trata-se do sujeito brasileiro (pessoa) que se identifica com alguma manifestação germânica regional brasileira – seja ele teutófono (falante de alguma variante nossa da língua alemã) ou não.
Por outro lado, uma vez grafado com hífen, teuto-brasileiro, esse termo composto passa a trazer em si um marcador de binacionalidade, seja de pessoas, empresas, projetos, empreitadas, tratados, etc. envolvendo tanto a Alemanha como o Brasil.
Teutobrasileiro e teuto-brasileiro no alemão-standard é Deutschbrasilianer e Deutsch-Brasilianer. Já na variante riograndense do alemão existem várias possibliidades de grafia pois ainda não existe uma normatização ortográfica do idioma – mas a minha preferência é escrever assim: Deitschbräsiljooner e Deitsch-Bräsiljooner.
De passagem, a maioria da população da Suíça sim fala alemão (63,7%); porém, boa porcentagem (20,4%) tem o françês como língua materna. Adicionalmente, há uma notável minoria italiana (6,5%) ; e finalmente, existe uma minúscula mas amplamente reconhecida minoria linguístico-cultural romanche (em alemão Romansch), por volta de sessenta mil (60,000) falantes ao todo, isso de acordo com o censo do ano 2000.
Políticas lingüísticas progressivas ajudam na manutenção proativa de bens imateriais como as línguas de um país, especialmente as línguas menores. A promoção do monolingüísmo é uma ideologia política detrimental para a sobrevivência de línguas regionais em perigo de extinção como o alemão-riograndense, uma variante única da língua alemã … aliás, prestes a celebrar seus dois séculos de exitência.
Sprech eire Moddersproch, üwerhaupt mit eire klene Kinner!
-Paul Beppler / Admin. da Comunidade de Dialeto “Riograndenser Hunsrückisch” no Facebook