O idioma alemão na França
Duas regiões da França que fazem divisa com a Alemanha historicamente tiveram as suas falas germânicas como língua materna: o Elsässisch ou Elsässdeutsch e o Lothringer Platt (sendo que o termo “Platt” desde o centro ao sul da Alemanha e idem nos países vizinhos onde se fala alemão significa “dialeto” = Dialekt = Mundart; já no norte da Alemanha o termo Platt pode ser curto para Plattdeutsch que é um dialeto ESPECÍFICO tecnicamente também chamado de Niederdeutsch). A região da Alsácia se chama Elsass em alemão; e a região adjacente de Lorena é Lothringen em alemão, daí os nomes dos dialetos. Em textos de linguística para denominar a região francesa de fala alemã como um todo para fins discursivos não é incomum ver isto escrito assim: Elsass-Lothringen. A Alsácia e a Lorena são regiões políticas, que dizer, na verdade Elsässdeitsch e Lothingen-Deitsch não são dialetos propriamente dito, tecnicamente falando eles pertence a grupos dialetais há muito reconhecidos pela linguística – por exemplo os falares que pertencem ao alsaciano tem raízes comuns com o dialeto Alemânico / Alemannisch, sob o qual estão todas as variantes do alemão falado na Suíça. Já no caso dos falares que conjuntamente são identificados comumente como Lothingen-Platt, este tem as mesmas raízes do Rheinfränkisch e do Moselfränkisch, do Hunsrücker Platt, do Pfälsich, etc. – quer dizer, por falares similares e avizinhados do sudoeste da Alemanha … aliás, de onde partiram a maior parte de nossos antepassados germânicos ao Brasil. Sendo que tanto o alemão mais falado na América do Norte, o Pennsylvanisch Deitsch (falado não só no estado da Pensilvânia mas em outros estados dos EUA e do Canadá), bem como o alemão mais falado na América do Sul, o nosso Riograndenser Hunsrückisch, o qual é falado não só no Rio Grande do Sul mas também em Santa Catarina (especialmente no Oeste catarinense), no Oeste do Paraná, na vizinha Argentina, e nas últimas décadas até mesmo no Paraguay … todos estes dialetos pertencem ao dialeto maior que linguistas chamam de Fränkisch no alemão, um termo-conceito que nas línguas românicas como o português e o francês são chamados de língua Frâncica (as vezes Fränkisch é traduzido como Francônio no português). Notem que na frança, em francês, o nome do dialeto alemão de Lorena se chama “Francique lorrain” (Francique = Fränkisch = Frâncico/Francônio no português) – mas e porquê esta especificação do Lorrain para Francique Lorrain? Bom, aí temos que compreender que este nome pode causar confusão: Há um outro dialeto com nome parecido, um homônimo, que é um dialeto românico, ou seja derivado do latim, igualmente em francês chamado de “le lorrain” (e em alemão chamado igualmente de Lothingisch (den deutsch-lothringischen), mas romanisch Lothringisch; quer dizer leva o mesmo nome do acima referido dialeto alemão de Lorena), pertencente a um grupo linguístico maior chamado langue d’oil ou línguas de oïl (em alemão: die Oïl-Sprachen) que é falado praticamente por toda a metade norte da França.
Registra-se na atualidade uma mudança social em relação aos falares regionais, no caso, onde as gerações mais novas não sentem mais o desgosto pela cultura alemã baseado nos resultados da Seguna Guerra Mundial – ressurgindo, portanto, especificamente dentre a juventude reivindicações de recuperação dos falares da regionais, da revitalização das línguas menores, muitas vezes moribundas, em sua volta. Os vídeos abaixo atestam isso:
Lothringer Platt – Sprich’ 6 Prestem bem atenção como ambos os nossos dialetos são similares, é incrível isso!!!
Elas são cidadãs da França. / Sie beiden sind französische Staatsbürgerinnen.
Lothringer Platt – Mach emol die dir of – Weihnachten 1/2
Ele é cidadão francês. / Sein Staatsangehörigkeit ist Französisch; er ist Französe.
Miss Frankreich 2012 spricht Elsässich (a miss França 2012 fala alsaciano)
Ela é cidadã francesa! / Sie ist eine französische Staatsbürgerin!
Lern lothringer Platt ! Apprends le platt lorrain ! O alemão loreno, Lothringisch, fica bem mais difícil para nós falantes do Riograndenser Husnrückisch compreendermos pois ele se pertence ao grupo dialetal Alemânico, ao qual pertencem os dialetos alemães da Suíça / Schweiz.
A ideologia política do monolinguismo procura convencer as pessoas do conceito: uma pátria – uma só língua. Isso vai totalmente em contra a natureza diversa e plural da humanidade. Sim toda a cidadania deve ter acesso à educação em língua nacional mas isto não precisa dar-se ao detrimento das línguas regionais menores. Linguistas alertam já há algum tempo que em cem anos 90% de todas as línguas minoritárias do mundo terão desaparecido para sempre; e com elas muitos saberes e tradições, como por exemplo a culinária … Obviamente não é são somente fauna e flora em perigo de extinção por causa da padronização desenfreada onde a única coisa que conta é o lucro. Se você sabe o dialeto de sua região, pratique-o, sobretudo na presença das crianças e jovens; se não, comece a aprender a língua regional de sua região, surpreenda as pessoas mais idosas fluentes na língua mostrando interesse sério em adotar sua língua para si, idependente de sua origem nacional ou étnica – sim, pois as línguas minoritárias são tesouros culturais de suas respectivas regiões, portanto pertencem a todos/as que nela residem.