Está escrito na manchete abaixo:
“Blauer Himmel und gaaaanz viel Sonn!”
Note que como no Hochdeitsch se diz/escreve Sonne, a gente escreve Sonn com dois “nn”s no dialeto … pois a palavra filho = Sohn soa bastante parecido.
Leia muito em Hochdeitsch e vá sempre adequando o alemão-padrão ao dialeto.
Uma das características fortes de nosso dialeto é fazer a letra G muitas vezes, mas não sempre, soar como se fosse um “ch”, como em Ich = Eu. Portanto, incorpore esse aspecto peculiar do dialeto na na hora de escrever ele. Vamos ver um exemplo: Abaixo aparece o termo aufwändig (se você for ver no dicionário DUDEN este termo muitas vezes é, alternativamente, escrito aufwEndig, ou seja com “e” em vez de “ä”; e seu significado tem a ver com fantasias carnavalescas, podendo significar luxurioso, expansivo, exagerado … Bom, auf nós sabemos que no Riograndenser Hunsrückisch sempre sai como uff + wendig, sendo que o “g” soa forte como um “ch” em Ich; e sendo que “nd” e “nt” via regra irão ser nivelados para dois “nn”s (como crianças = Kinder que fica “Kinner”); e logo o termo do Hochdeitsch aufwendig fica uffwennich. Tudo isto que eu acabei de explicar para vocês aqui, logo acima, tudo isto se aplica a muitíssimas palavras que tem o mesmo perfil, ou partes parecidas. Mas lembre-se, por foça e uso, de tradição, de costume, certas palavras escapam dessa adequação dialetal, ficando via regra em Hochdeitsch. Também, dependendo da região, as pessoas ambas as formas, tanto a dialetal com a do alemão-padrão no seu dia-a-dia, por exemplo, tem lugares no sul onde se fala tanto Frooh para mulher como, de vez em quando, dependendo de vários fatores, ouve-se também Frau, como no Hochdeitsch… isso acontece muito, na verdade, com palavras contendo “ei’, por exemplo na minha região do noroeste do RGS a gente fala com naturalidade tanto Schwidichket como Schwindichkeit (é SchwindiGkeit no Hochdeitsch). Mas aqui aproveito para entrar noutro assunto … só pra vocês se conscientizarem da dimensão humana, e traumatizada da língua que sofreu perseguição, rechaço sistematizado em nosso país … tem gente que tenta falar melhor com você se você absolutamente não faz parte de seu dia-a-dia, dizendo Frau pois acha que Frooh é feio, incorreto, vulgo, errado, ruim … e se você confrontar essa pessoa, dizendo ah mas vocês às vezes pronunciam Frooh, né?! não fique surpreso e nem estarrecido se a pessoa negar, dizendo que não, que só se diz “Frau”. A bem da verdade, na pópria Alemanha sempre houve muito elitismo e depreciação em relação aos seus grandes e históricos dialetos (de certa forma isto está mudando*), dialetos-tronco que remetem a tempos remotos … sendo uns vistos pela opinião pública do povo alemão como ou como imcompreensíve, ou engraçado e curioso, ou estranho e até feio … só pra se ter uma idéia, o dialeto bávaro, bairisch, é visto geralmente com bons olhos; já o saxônio – Sächsisch, é outra a percepção. Mas uma coisa que você irá notar é que o Hunsrücker Platt (platt aqui no sentido restrito de dialeto, não como forma curta do nome do(s) dialeto(s) bem do norte geograficamente plano da Alemanha chamado de Plattdeutsch e/ou de Niederdeutsch). É como se a gente tivesse imigrado do RGS e nos referíssemos ao nosso dialeto como Serrano em vez de Gauchês, ou de Pampeano em vez de Riograndense… O nosso dialeto Riograndenser Hunsrückisch tem suas bases mais fortes na região do Hunsrück, também no Palatinado = Pfalz (que no dialeto se diz Palz pois não tem o “pf” tão típico do Hochdeitsch), também no Hesse, no estado Sarre/Saarland … mas aí se tratando dessa região como um todo, fala-se em termos de Fränkisch, que engloba um Hunsrücker Platt dividido em Moselfränkisch e Rheinfränkisch, este último teve influência mais forte no Riograndenser Hunsrückisch … neste último de diz Das, no Moselfränkisch Dat, no Rheifränkisch se diz Was? e no Moselfränkisch isto fica Wat? … ich no Rheinfränkisch é Ich, igual no Hochdeitsch, mas no francônio moselano fica ‘Eisch” … Quanto mais crescer o número de textos produzidos em Riograndenser Hunsrückisch mais irá organicamente se consolidar um padrão de grafia de nossa língua. Portanto, a pessoa irá escrever Ich mesmo que em casa ela pronucie isso mais para o lado de “Eisch”, “Eich”, ou “Ech” … Por isto eu optei decididamente por registrar na escrita a forte pronúncia do “ó” em vez de “a” em muitas palavras, por exemplo escrevendo Tooch para dia em vez de Taach, Tach, ou Tag – e eu escrevo “oo” em vez de “ó” (acentuação da grafia portuguesa) para ficar com/dentro da língua germânica. Um aspecto mui importante dessa opção de grafar nossa língua é que a gente deve primar pelo contato com outras tradições escritas da língua alemã, seja com ficando o mais próximo possível da grafia do Hochdeitsch como também de outros dialetos… em essência, um alhilhamento e uma isolação ainda maior do resto do corpo linguístico simplesmente não irá funcionar a favor da preservação e fortalecimento de nossa língua – bem ao contrário. E enfim, isso tudo são somente códigos, coisas que a gente tem que aprender de qualquer jeito. Além do mais, buscando uma forma exageradamente simples de escrever nossa língua pode estar perpetuando um estereótipo negativo, isto é, que nós somos pessoas de certa forma inferiores, i.e. com uma capacidade raza de aprendizado … uma noção totalmente falsa, resultado de preconceito e não de fatos – mas um preconceito internalizado por muitos/as falantes do nosso alemão riograndense.
*Em muitas regiões de fala alemã da Europa, seja na Alemanha, seja na Suíça, em muitas associações de pais e mestres discutem abertamente o fator dialeto em suas reuniões … em muitos casos opta-se decididamente pelo bilinguismo alemão dialetal – alemão padrão; quer dizer, os pais, as mães, não querem que o dialeto fique incógnito, invisível, e até mesmo algo a “ser superado” pelas crianças … que este tipo de mentalidade, francamente, é mais e mais visto como retrógrado. Claro pois o bilinguismo deve sim começar em casa, valorizando o que a região tem com unicamente e singularmente seu; neste contexto o bilinguismo permite estudantes mais tarde, ou mesmo simultaneamente, aprenderem um terceiro idioma com muito mais facilidade; aliás, contrariando argumentos não empíricos de que criança não tem a capacidade mental de aprender mais do que uma língua de pequena; mas sim, são argumentos fundamentados em políticas hegemônicas de controle populacional e que não levam em conta os melhores interesses da pessoa, do ser humano.
Sonnenschein und Karneval!
Blauer Himmel und gaaaanz viel Sonne! Superwetter für die Kölner, die heute mit ihren Schulen und Vereinen in aufwändig selbst gebastelten Kostümen auf der Strecke des Rosenmontagszuges durch die Stadt ziehen …Alaaf!
Hier gibt’s Bilder vom Schull- un Veedelszöch – und ab 12.20 Uhr gibt’s den ganzen Zug im Livestream bei WDR.de.
http://www1.wdr.de/themen/panorama/sp_karneval14/schullunveedelszoech102.html
Fratzbuch: Riograndenser Hunsrückisch
4. März 2014
Facebook: Paul Beppler