Sprech! Chprech! orrer Xpreh! ?
O surgimento de uma escrita para o nosso Alemão Riograndense / Riograndenser Hunsrückisch irá ocorrer de forma natural e bem orgânica … e assim, esforços serão naturalmente selecionados e ou descartados, uma por serem úteis, outra por se traduzirem em obstáculos.
A palavra “jardim” tem uma versão bem particular e bem forte em nosso dialeto, um tanto distintamente apartada da pronúncia e, portanto, da grafia do termo correspondente no alemão padrão – e porque não comparar também com idiomas “irmãos”, como o inglês …
No português/uff Brasilioonisch: o jardim
No alemão-standard ou padrão / uff Hochdeitsch: der Garten
No inglês: the garden
No alemão riograndense/ uff Riograndenser Hunsrückisch: der Goorde (que bem que poderia ser grafado “tê códã”, conforme o português).
Aqui é bem importante que você entenda uma dinâmica básica prevalente no contexto histórico da língua alemã, onde se escreveu o dialeto oficial confeccionado por Martinho Lutero, enquando que, num sistema de diglocia, cada região continuou “falando” informalmente de seu jeito. Este elo foi quebrado no sul do Brasil pelo Estado Brasileiro que forçou em termos gerais um factual analfabetismo generalizado em sua população de língua alemã.
Como resultado, as pessoas passaram a utlizar-se da língua portuguesa para a escrita, ficando o dialeto alemão somente uma língua falada, digamos tecnicamente, ela permaneceu mas como uma língua ágrafa, figurativamente falando, órfã de uma escrita germânica correspondente.
Agora estão surgindo propostas para que esse dialeto Riograndenser Hunsrückisch ganhe uma escrita própria, uma escrita que reflita particularidades como terminologia emprestada do português, e mesmo a construção de frases (construções correntes que são simplesmente inaceitáveis no alemão-padrão) que já existiram no sudoeste da Alemanha na época do início da imigração quase dois séculos atrás, e que existe ainda hoje nos dialetos como o Pfälzisch, Hessisch, Saarländisch, Hunsrücker Platt, e outros do mesmo tronco franco (Rheinfränkisch bem como Moselfränkisch, cortado pela famosa e histórica linha linguística DAS/DAT [esta linha tem vários nomes]).
As propostas de uma escrita para o dialeto Riograndenser Hunsrückisch em particular basicamente se dividem em dois tipos de proposta – uma prima pelo isolamento da população germano-falante do sul do Brasil, a outra por uma permanência e interatividade com o mundo germanófono. Na minha opinião as propostas baseadas em uma grafia que na prática se aparta e se isola do mundo teutófono estão fadadas ao desaparecimento, em um contexto histórico elas desaparecerão como tentativas excêntricas atraentes especialmente aos olhos de formadores de opinião fortemente influenciados por ideologias proselitistas.
A grande atual revolução sem precedentes nos meios de comunicação que permite a interação como jamais na história da humanidade irá tomar conta de uma forma bastante “seamless” (um termo do inglês) desse desafio.
Gostou do assunto? Não deixe de ler este importantíssimo documento:
“Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil” por
Cléo V. Altenhofen, Jaqueline Frey, Maria Lidiani Käfer, Mário S. Klassmann, Gerson R. Neumann, Karen Pupp Spinassé
Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil
-Paul Beppler / Riograndenser Hunsrückisch Community Admin.
Paul Beppler / Riograndenser Hunsrückisch Community Admin.
7. August 2014
Seattle, WA – USA.