Toll – Prima – Cousine – Vetter – Pat(e) und Got(e) …

Heit is das weltweit Moddersproch Tooch: 21. Februar / UNESCO. Uma homenagem ao dialeto do Hunsrück no Dia da Língua Materna. Happy international Mother Language Day!

Você sabia que o alemão é a segunda língua mais falada no Brasil?
Que quase um quarto dos habitantes do estado do Rio Grande do Sul fala o dialeto alemão do Brasil chamado Riograndenser Hunsrückisch?

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Vou aproveitar este gráfico para apontar alguns detalhes, diferenças entre o nosso dialeto alemão regional e o alemão-padrão, chamado de Hochdeutsch – ou pra quem fala o dialeto alemão Riograndenser Hunsrückisch: Hochdeitsch … Procure manter em mente que entre falantes do alemão no sul do país tem toda uma gama de níveis de fluência (de afastamento da língua), e também de contato com o alemão-padrão. Pois bem, eu gostaria de me dirigir àquelas pessoas que nunca estudaram o alemão, que só o conhecem como língua oral, falada em casa, com parentes, amigos, vizinhos, em comunidade em sua região.

OK, em primeiro lugar, a pergunta: “Wie geht es dir heute?” Aqui a única coisa que é um tanto diferente é heute que nós pronunciamos heit (ou para quem não aprendeu nem o alfabeto em alemão, háit). Você irá perceber que esta diferença entre o termo em Hochd. e no dialeto representa na verdade um padrão que se repete em um vasto número de palavras parecidas… quer dizer, pessoas = Leute em Hochd. fica Leit no dialeto; amigo = Freund = Freind; fogo = Feuer = Feier; caro = teuer = teier; estilingue (assim como na nossa língua nacional, no alemão tem muitos nomes regionais diferentes para esta peça ) = Schleuder = Schleider; cigano = Zigeuner = Zigeiner / Zigeunerin = Zigeinerin; e assim por diante.

A palavra toll para muitos de nós se refere ao estado alcoolizado em que se encontra uma pessoa – tonto, tonto de tanto beber, der ist toll, der hot zu viel Schnaps getrunk, orrer zu viel Bier getrunk. Quando a gente era criança e brincava no pátio (Hof) de rodear até ficar tonto, a gente diz, Meine Güte, ich sin jetzt toll (note que dizer “Ich sin” em vez de “Ich BIN” é uma marca forte e bem antiga do nossa raíz linguística no sudoeste da alemanha, Palatinado/Palz no dialeto e no Hochd. Pfalz, Hesse, Hunsrück, Saarre/Saarland e mesmo em Lorena/Lothringen na França e no Luxemburgo).

Prima para nós significa o feminino de primo; a vasta maioria de falantes do alemão do sul não conhece os empréstimos do francês no alemão moderno o primo = der Cousin (plural die Cousins), a prima = die Cousine (plural die Cousinnen). Lógico que uma vez expostos ao significado da expressão prima, no sentido de ahh que legal, bacana … as pessoas “pegam” logo isso. Detalhe: Visitar uma casa de prostituição era dito em português, muitas vezes, no interior “ir nas primas” – no nosso dialeto isto era dito der ou das Puff = Bordell (sendo que este coloquialismo antigo tem origem em um jogo ou Brettspiel/en Glückspiel mit Würfel … que homens usavam como desculpa ou façada).

Quanto a deparar-se com termos ou expressões novas, geralmente são de fácil absorção – eu mesmo por exemplo só precisei ouvir uma vez “Kapierst du?” na Alemanha e gravei logo o seu significado – quer dizer, é algo que eu nunca tinha ouvido no RGS.

Muitas pessoas na Alemanha moderna nem se dão conta de quão fragmentado era o idioma alemão até algumas décadas atrás, havendo regionalismos muito fortes – o que diminuiu muito nos últimos anos com a televisão e mídias posteriores. Os nomes para padrinho e madrinha antigamente variavam MUITO de região para região na Europa teutófona.

Então para padrinho a gente diz Pat, forma reduzida de Pate; e para madrinha, eu nunca ouvi Patin (comumente utilizado na Europa), mas pode ser que era conhecido em minha região, vou ter que me informar sobre isto – mas a gente dizia sempre die Got (pronunciado “gô-ôt”, com um ô prolongado, portanto não como a pronúncia da palavra Deus / Gott [com dois tts] em alemão que em comparação só tem o som de um ô; no caso Got é uma forma curta de Gote, que é um dos nomes antigos para madrinha [ele ganha várias outras formas, como Godl, Gotte, etc.]).

No noroeste do RGS a gente não conhecia os afetivos Oma e Opa para vó e vô … eu só fui aprender o significado destes termos bem depois de ter saído do ambiente de meu dialeto alemão regional. Inclusive há poucos anos atrás perguntei uma irmã minha e minha mãe que faz algum tempo moram em SC, se elas sabiam o que significavam estes dois termos – é italiano pra vovó e vovô, disseram-me as duas separadamente. Ao pesquisar o assunto, eu descobri que Oma e Opa não eram universalmente utilizados na língua alemã até uns cem anos atrás – quer dizer, tudo tem uma explicação.

Eu ainda ouvi muito o termo Vetter para primo, e se não me engano para algum parentesco afastado … mas mesmo este termo eu acho que estava caindo em desuso quando eu era jovenzinho; e a forma feminina de Vetter: Vettrin – no Hochd. Vetterin – plural Vetrinne – no Hochd. Veterinnen, era mais rara ainda; talvez eu nem a tenha ouvido, mas tenha sido exposto à ela em alguma leitura de texto antigo na minha vida adulta.

Ainda: o termo mais comum para padre da igreja no nosso dialeto é Pooter (que poderia ser grafado Pooder ou Pooda) – mas não esquecendo que boa parcela de nossos falantes de dialeto não puxam a pronúncia tanto para ó em palavras deste perfil, pronunciando Paater (que poderia ser grafado Paader ou Paada); no alemão-padrão der Pater; mas há vários outros termos para isto no alemão (Geistlicher, Mönch; no português também temos vigário, e cura, por exemplo).

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